foi o Flash Gordon, série de animação que a RTP passava aos sábados de manhã, em 1982 ou 1983, teria eu nove ou 10 anos. Lutar contra o impiedoso Ming e salvar a Terra era a desculpa para o herói se passear num fato justo de licra vermelha e para a vilã (a princesa Aura, filha do Ming) aparecer só em cuecas e top decotado. Confesso que me estava a marimbar para a trama, e se já houvesse Tivo nessa altura, teria feito fast forward para as cenas em que a Aura se fazia ao Flash e ele, irritado, a agarrava firmemente pelo braço nu, sublimando o desejo em raiva. Não tinha grande paciência para o casalinho romântico Flash Gordon-Dale Arden, e torcia para que ele se rendesse aos avanços da sexy Aura. O desejo contrariado era aliás um dos leit-motivs da série, povoada de raptos, chicotes, sugestões subliminares de zoofilia (ah, o sensualíssimo homem-leão!) e outras cenas vagamente sado-masoch.
Recordo com vívida emoção erótica o episódio em que o Ming tentava casar à força com a namorada do Flash, em estado de choque no meio do harém de odaliscas alienígenas do imperador. Traziam-lha grogue e semi-despida em tules evocativos das mil e uma noites, ladeada por dois matacões que a seguravam - firmemente, pois claro - por cada braço (estou convencida que esta cena da mão masculina a agarrar à bruta braços femininos era código para rough sex). Eu torcia para que o Ming se deixasse de discursos e consumasse rapidamente a coisa, com o desejo aceso por grandes planos da cara do tirano quase a beijar a inocente - o que deixaria o caminho livre para a Aura e o Flash terem muitos climaxezinhos e serem carnalmente felizes até que a morte do desejo os separasse. E aqui se vê como se viola a mais pura e inocente aspiração de uma criança: o Flash Gordon evitou o casamento in extremis, rematando a proeza com um sensaborão beijo na boca da amada. Bloody do-gooder!
[À laia de TV Guia e para vos poupar tempo: o tormento da namorada do Flash às mãos do Ming começa no episódio lá acima, demonstração exemplar do erotismo latente da série (chamo a vossa atenção para as repetidas cenas de braços agarrados firmemente - aham!). A história prossegue na parte 1, 2 e 3 do episódio seguinte (segundo a numeração do TuTubo), mas aviso já que o 1 é um anti-climax sem uma única sugestão erótica, e não perdem o fio à meada se saltarem directamente para os seguintes. Na segunda parte também não perdem nada em fazer fast forward até aos 5'37'', que é onde realmente começa a acção (wink, wink): as bodas do Ming arrancam aos 7'22'', give or take, e prosseguem no terceiro e último capítulo.]
Friday, 5 December 2008
O meu primeiro filme erótico
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o diabo bateu no fundo, a vingança dentro de 15 minutos deixem só ouvir o Hevia pa abrir os nirvaa a seguir e quando tiver a passar rage eu posto a foto definitiva, me aguardem
ReplyDeleteNo fundo? Não. Tenho aí um pastiche engatilhado que envolve a Candy Candy em acção com o guarda Serôdio da árvore dos estapafúrdios. Mi aguarde.
ReplyDeleteOps, dos Amigos do Gaspar, claro - a árvore dos estapafúrdios é erotismo mais abstracto.
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