Correndo o risco de parecer a avozinha do blogue, ainda me lembro do tempo em que os isqueiros, desses descartáveis que me oferecem sempre que compro um volume de Gauloises Blondes, duravam tempo suficiente para que eu os perdesse ou se lhes gastasse o gás. Recentemente, e em paralelo com a legislação europeia que impôs isqueiros seguros para as crianças, deixei de ter tempo de os perder. A "obsolescência planeada" ("planned obsolescence" ou "built-in obsolescence") atingiu níveis absurdos. Agora, os isqueiros tornam-se obsoletos em menos tempo do que demora a acabar um volume de cigarros – no meu caso, em menos de um ai. A roda dentada encrava, a patilha parte-se ou o dito deixa simplesmente de dar lume apesar de abanado com jeito e de lhe sobrar muito combustível. Resultado: eu que passo a manhã à procura dos óculos, que tenho um currículo irrepreensível a perder canetas, isqueiros e uma parafernália de pequenos objectos e que só não perco a cabeça porque está atarrachada ao pescoço, conto neste momento seis, SEIS isqueiros espalhados pela casa. Nenhum funciona, que é isso que quer dizer obsolescência (Wikipedia é cultura).
A melhor definição de obsolescência planeada é "designed for the dump" (planeado para o lixo), e está no documentário "The Story of Stuff" que o meu irmão me mostrou há já alguns meses mas que ainda não se tornou obsoleto. Vão lá vê-lo, que não dão o tempo por perdido. Eu entretanto vou mudar para isqueiros recarregáveis, a ver se consigo voltar a dar-lhes sumiço antes que eles se recusem a dar-me lume sem outra razão que a ganância dos fabricantes de isqueiros. Lighters of the world, ignite!
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
Ahahahah!
ReplyDeleteTambém andava com um post engatado sobre os (meus) isqueiros e o seu misterioso desaparecimento.
O que, no meu caso de possessiva compulsiva que não perde um gancho, é no mínimo um mistério digno do Hercule Poirot.
Juro que não fui eu. :-P
ReplyDelete