Friday, 6 February 2009

Borges e nós



Sabia que Jorge Luis Borges era descendente de portugueses (é ele próprio quem o conta no poema "Os Borges": Nada ou pouco sei dos meus ancestrais / Portugueses, os Borges: vaga gente / Que na minha carne, obscuramente / Prossegue seus hábitos, temores e rituais). Não sabia que era descendente de transmontanos, ao que parece de Torre de Moncorvo, de onde seria o seu bisavô Francisco Borges.

Não tenho grande paciência para vagos ascendentes portugueses de gente célebre: a coisa parece-me um bocado provinciana. Começa-se por saber que John Dos Passos descendia de madeirenses e o prémio Nobel da Medicina 2006 de açorianos, e quando damos por ela estamos em pulgas por o próximo inquilino da Casa Branca ser um cão de água português. Depois, alguns supostos luso-descendentes dão mau nome a Portugal: a performance do Keanu Reeves é suficientemente "cringing" para ainda lhe juntarmos o embaraço de se tratar de um quase compatriota a fazer aquela figura, e com toda a gente a ver. A mãe, Rose Miguel, tinha ao que parece ascendência portuguesa, mas que culpa tem a senhora? E não me venham cá com o Neo, o Matrix é absolutamente overrated.

Enfim, revenons à nos oignons e às origens transmontanas de Borges. Se falo nisso não é para elevar Trás-os-Montes por causa do ilustre descendente, nem para reforçar a minha afinidade com o escritor argentino, que já me é suficientemente querido sem sacar de primos distantes nem genealogias bacocas. Não é pois para procurar quaisquer laços de Borges com os nossos próprios ascendentes, nem para reforçar o turismo no nordeste transmontano, que falo nas origens do argentino. Não: a verdade é que não sei porque falo nisso.

Adenda: como o layout deste blogue continua a não deixar ver os links nos posts, apesar de eles estarem lá, aqui fica um artigo que explora as origens transmontanas de Borges: cliquem -------> aqui <-------, não tem nada que enganar.

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